quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Conversas

Acho sempre curioso quando alguém começa comigo uma conversa que tenha a ver com a aceitação da diversidade. Que palhaçada, dizia no outro dia uma miúda, aquele homem que esteve grávido já está grávido segunda vez. A minha resposta é sempre a mesma: o que importa é que as pessoas sejam felizes. É um bocado difícil de ripostar. Podemos achar o que os outros fazem uma palhaçada, uma vergonha, um nojo, mas directamente assumir que queremos tirar-lhes o direito a ser felizes, aí já há pudor (a menos que nos arroguemos saber melhor que os outros o que é melhor para eles e o que os fará felizes). Parece-me que a rejeição dos outros, o bater nos mais marginalizados, é pouco mais que uma forma de nos afirmarmos como normais e aceitáveis.

A conversa evoluíu para a criança que aquele casal há-de ter. Que as crianças são muito cruéis umas para as outras, é como em portugal os casais gay que querem adoptar, depois as crianças sofrem. Contei-lhe da minha experiência (indirecta, admito). Que na Holanda os pais já "treinam" os filhos para saberem responder e que geralmente estes sabem dar uma resposta que cala os colegas. As crianças são muito cruéis, é verdade, mas não tem piada nenhuma "atacar" quem se sente seguro. E claro, há sempre a história de um casal de pretos adoptar um miúdo branco. Este também pode ser descriminado, se fosse no passado seria certamente. Íamos descriminar os pais porque se estes adoptassem um miúdo branco este iria ser descriminado? Ou seja, iríamos pactuar com a descriminação racial descriminando também nós? Não parece fazer sentido nenhum...

Enfim, a conversa já é recorrente.

1 comentário:

Anónimo disse...

DIScriminação e DIScriminar :)

Descriminação é uma coisa diferente ;)

De resto, só a acrescentar que concordo 100% contigo e, como mais um exemplo, temos os filhos de pais divorciados, que se não são discriminados agora, eram-no há 20 anos atrás.

Continua.

Luís Vaz