quinta-feira, 28 de maio de 2009

Não costumo comentar muito este tipo de casos, mas...

O juiz-relator do Tribunal da Relação de Guimarães, Gouveia de Barros, que decretou a entrega da pequena Alexandra à mãe biológica, Natália Zarubina revelou ao semanário 'Expresso' que está "perturbado" com as imagens transmitidas na televisão, nas quais são visíveis as agressões de Natália a Alexandra, sublinhando que no processo que liderou "nada apontava para aquilo", ou seja, para maus-tratos. Gouveia Barros adiantou também que "no processo, a criança já se queixava de algumas agressões físicas da mãe, mas esse não é motivo para eu separar uma mãe de uma filha".

Por outro lado, Gouveia de Barros mostra-se arrependido com a linguagem utilizada no acórdão, nomeadamente quando refere que Florinda Vieira, a mãe de afecto que acolheu Alexandra com apenas 17 meses, é movida por um sentimento de 'maternidade serôdia'. O juiz admite ainda que as declarações da mãe afectiva não foram bem transmitidas para o papel: 'Vi-a falar na televisão e não é a mesma pessoa que julgava. As declarações dela, na altura, foram mal vertidas para o papel'.


Para um juiz decidir contra a vontade de uma criança tirá-la de uma família e mandá-la para outra é preciso, diria eu, motivos muito fortes. É preciso estudar bem o processo, de uma forma rigorosa que não se compadece de julgamentos parvos e adjectivações como a da maternidade serôdia... É incrível que um juiz tome uma decisão assim tão crucial tendo um conhecimento superficial das pessoas envolvidas (tão superficial que se apercebe que a pessoa que viu falar uns breves instantes na televisão não é como a tinha julgado). O pior é que esta superficialidade é generalizada.

1 comentário:

Kapitão Kaus disse...

Sabes o que eu acho? Que as pessoas deviam adoptar só cães e gatos. Assim podia ser que as nossas cabecinhas bem pensantes começassem a ganhar algum juizinho porque isto está mesmo muito mal. Eu fiquei tão chocado com esse episódio que nem me atrevo a assistir a mais nenhuma reportagem. Aquilo revolta-me.