sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Tadinho tadinho

do nosso primeiro ministro. Ele é tão incompreendido, tão injustamente atacado. Foram os mauzões dos moralistas que o obrigaram a deixar de fumar quando foi apanhado (bufos!) a matar o vício ilegalmente num avião, foram os mauzões dos sindicalistas e dos comunistas que o apuparam vezes sem conta pelo país fora, foram os mauzões dos social democratas que o acusaram de despesismo quando ele foi inaugurar auto-estradas em Trás-os-Montes e agora são os mauzões dos outros partidos que deixaram o executivo a lutar sozinho pelo modelo de avaliação dos professores. Diz Sócrates que "todos reconheceram que sem avaliação dos professores, isso contribuiria para o declínio do sistema de ensino público, mas o Governo foi deixado sozinho, não houve nenhum partido que o acompanhasse". Coitadinho, coitadinho, é uma degraça. Mas na realidade, o homem não se deveria preocupar tanto. Não é pela avaliação dos professores que o sistema de ensino vai deixar de ser a desgraça para que este (e outros) executivo tão garbosamente contribuíu.

O mundo segundo Sócrates é muito engraçado. O seu executivo é iluminado e há-de pôr o país nos eixos. Os outros, ou estão com ele ou contra ele. E se estão contra ele, estão contra tudo o que ele faz (se estão contra o despesismo em geral, em particular estão contra as auto-estradas em Trás-os-Montes). O pior é que não é só este primeiro ministro incompetente que assim pensa. Em termos de discussão pública, Portugal é um país de prós e contras. O bom senso há muito que foi votado ao abandono. Ou bem que se é favor (da regionalização, do aborto, do TGV, da avaliação dos professores) ou então é-se contra. E se se é a favor mas não da forma como o executivo socratiano propõe, então tem de se apresentar uma alternativa ou calar-se para sempre. Como se não coubesse ao governo estudar as questões a fundo (supõe-se que eles é que têm tempo e são pagos para isso).

PS: A vitimização, neste País, chega quase a ser uma forma de arte.

2 comentários:

Kapitão Kaus disse...

Concordo totalmente contigo!

Parabéns pelo excelente retrato que fazes da situação!

Eu só acrescentaria mais um aspecto: a vontade de centralizar tudo e de tudo dominar.

Anónimo disse...

mas o que me irrita mais é a forma condescendente com que ele se nos dirige. quando o oiço discursar fico sempre com a sensação de que o senhor fala para um interlocutor imaginário que tem um atraso qualquer. não há pensamento do outro lado. é sempre o mesmo conjunto de chavões e frases feitas que o homem empinou e que meteu na cabeça que tem de repetir ad nauseum... o melhor de tudo são os debates do estado da nação, onde ainda há quem lhe coloque questões vagamente pertinentes e o homem simplesmente não responde, insulta a despropósito. ainda por cima são sempre os mesmos insultos. não compreendo as sondagens.